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Internacional

Ataque de Israel contra Irã faz parte da expulsão dos palestinos

Aliado da Palestina, Irã atrapalha Israel, segundo especialistas
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Gabriel Corrêa - Repórter da Rádio Nacional
14/06/2025 - 16:25
São Luís
Israel- 14/06/2025 Equipe de resgate trabalha no local do impacto após um ataque de mísseis do Irã contra Israel, em Rishon LeZion, Israel, em 14 de junho de 2025. REUTERS/Ammar Awad/ Proibida reprodução.
© REUTERS/Ammar Awad/ Proibida reprodução.

Os recentes ataques de Israel ao Irã fazem parte do projeto israelense de expulsão da população palestina, afirmam especialistas ouvidos pela reportagem. Eles acreditam que apesar dos interesses econômicos, as grandes potências internacionais provavelmente não vão intervir diretamente na escalada da violência.

Para Victor Del Vecchio, advogado e mestre em Direito Internacional, é difícil discutir o tema da "autodefesa" por parte de Israel, já que a situação de conflitos e tensão constante no Oriente Médio enfraquece o argumento sobre quem teria realizado o "primeiro ataque". Sobre a influência de outras potências no conflito, Del Vecchio considera que Israel deverá manter sua relação de alinhamento aos interesses dos EUA na região — e que grandes potências, como Rússia e China, deverão ser mais pragmáticas e não tomar partido.

"O direito internacional, ele é muito operacionalizado através da política e da diplomacia. E um dos espaços, talvez o principal onde isso ocorre, é o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Onde China e Rússia, inclusive, tem um assento permanente e poder de veto. Eles têm interesses dos quais não convém que o conflito escale ainda mais, né? Então, eu entendo que a postura tanto chinesa quanto russa vai ser de buscar os caminhos da governança global para construir a paz".

Segundo o professor de Relações Internacionais Williams da Silva Gonçalves, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, os atuais ataques de Israel ao Irã são mais uma etapa do projeto do governo israelense em explorar um quadro político mundial para expulsar os palestinos da região. No caso do Irã, a República Islâmica tem sido mais um obstáculo que se opõe a esse objetivo.

"Que o Irã, por meio desses grupamentos Hezbollah, Hamas, do Houthis, tem apoiado a causa Palestina. E Israel está determinado a resolver a questão Palestina com esse ataque arrasador, com esse esse genocídio, né, que praticou em Gaza e com a sua política colonialista de crescentes assentamentos na Cisjordânia".

Além disso, a possibilidade do Irã ter armas nucleares também é um ponto não esclarecido que se torna um desafio para Israel. Para o professor da UERJ, apesar de Donald Trump não ter interesse em guerras, os Estados Unidos e Israel têm muitos interesses eleitorais e econômicos interligados.

"Para o Estado norte americano, a questão de Israel e Oriente Médio é uma questão de política interna. A comunidade judaica dentro dos Estados Unidos exerce uma influência muito grande e Netanyahu conta com isso, de modo que que os Estados Unidos darão o apoio necessário a Israel contra o o Irã. Até porque o Irã, como todos sabem, é um estado associado ao BRICS, que os Estados Unidos consideram o inimigo dos Estados Unidos".

O presidente norte-americano, Donald Trump, chegou a escrever em uma rede social que deu um "ultimato", há dois meses, para o Irã frear seu programa nuclear. Trump escreveu também que, após os ataques de Israel, os iranianos poderiam ter uma "segunda chance" de fechar um acordo.

Mas as negociações entre o Irã e os Estados Unidos, que estavam agendadas para este domingo em Mascate, capital de Omã, foram canceladas. O Ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr Al Busaidi, chamou os ataques de Israel de "ilegais" e escreveu que "a diplomacia e o diálogo continuam sendo o único caminho para uma paz duradoura".