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Internacional

Ativistas do veleiro Madleen são transferidos para Tel Aviv

Eles deverão ser repatriados ainda nesta terça, informou Israel
Lusa*
Publicado em 10/06/2025 - 08:07
Tel Aviv
Brasília (DF), 07/06/2025 - Ativista Greta Thunberg na embarcação Madeleine, da Coalizão Flotilha da Liberdade. Foto: Chris Kebbon/Divulgação
© Chris Kebbon/Divulgação
Lusa

Os ativistas pró-Palestina que seguiam a bordo do veleiro Madleen, interceptado por Israel quando tentava alcançar a Faixa de Gaza, foram transferidos para o aeroporto de Tel Aviv para serem repatriados, anunciou nesta terça-feira (10) a diplomacia israelense.

“Os que se recusarem a os documentos de expulsão e a abandonar Israel serão apresentados a uma autoridade judicial, de acordo com a lei israelense, para que seja autorizada a sua expulsão”, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel na rede social X, acrescentando que os ativistas se encontraram no aeroporto com os cônsules dos seus países.

O Madleen, com 12 ativistas a bordo, incluindo a sueca Greta Thunberg, foi interceptado na manhã de segunda-feira, quando tentava chegar à Faixa de Gaza com ajuda humanitária.

O veleiro chegou na noite de ontem ao porto israelense de Ashdod, escoltado por dois navios da Marinha de Guerra de Israel.

A Coligação da Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês), que fretou o barco, confirmou que os militantes estavam sob custódia das autoridades israelenses e que “poderiam ser autorizados a partir de Tel Aviv entre segunda-feira e hoje.

“Continuamos a exigir a libertação imediata de todos os voluntários”, escreveu a organização na mesma plataforma, considerando que a detenção é “ilegal” e “viola o direito internacional”.

O veleiro, com cidadãos ses, alemães, brasileiros, turcos, suecos, espanhóis e holandeses a bordo, partiu de Itália em 1º de junho com o objetivo de “romper o bloqueio israelense” à Faixa de Gaza, que enfrenta grave crise humanitária após mais de 20 meses de guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel.

O Exército israelense confirmou que o barco foi “interceptado” durante a noite, sem especificar o local exato da operação.

“Como mostra este vídeo, fomos interceptados e raptados em águas internacionais”, afirmou Greta Thunberg numa mensagem de vídeo pré-gravada, divulgada pela FFC.

Imagens partilhadas pela organização mostram ainda os ativistas com coletes salva-vidas de cor laranja, de mãos erguidas no momento da interceptação, alguns entregando os celulares, conforme instruções recebidas. Pouco antes, alguns lançaram os aparelhos ao mar.

A FFC, criada em 2010, é um movimento internacional de apoio aos palestinos, combinando ações de ajuda humanitária com protesto político contra o bloqueio imposto à Faixa de Gaza.

Além de Greta Thunberg, integravam o grupo a eurodeputada franco-palestina de esquerda Rima Hassan e dois jornalistas.

A França afirmou ter transmitido “todas as mensagens” a Israel para garantir a “proteção” dos seus seis cidadãos a bordo e para que possam regressar ao país, declarou nessa segunda-feira o presidente Emmanuel Macron, classificando o bloqueio humanitário a Gaza como um “escândalo”.

Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se ontem à noite em várias cidades sas, em apoio aos ativistas, num protesto convocado por partidos de esquerda.

A Turquia condenou a operação israelense, classificando-a como “ataque odioso” e “violação flagrante do direito internacional”.

Em 2010, uma flotilha internacional com cerca de 700 ageiros, partiu da Turquia com o mesmo objetivo de quebrar o bloqueio a Gaza. A operação foi interrompida por uma operação militar israelense que resultou na morte de dez ativistas.

Depois de alcançar a costa egípcia, o Madleen aproximou-se de Gaza, ignorando os avisos de Israel contra qualquer tentativa de “quebrar o bloqueio marítimo”, justificado por Tel Aviv como forma de impedir a entrada de armas no território controlado pelo Hamas.

O governo de Benjamin Netanyahu acusou Greta Thunberg e os demais ativistas de encenarem “provocação midiática com o único objetivo de se autopromover”.

Israel enfrenta crescente pressão internacional para pôr fim à guerra. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os bombardeios diários destruíram grande parte da Faixa de Gaza, onde a população está em risco de fome devido ao cerco e às severas restrições à entrada de ajuda humanitária.

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